quinta-feira, 26 de abril de 2012

O interrogatório de Eloisa – Culpada ou inocente?


Numa tarde fria de um domingo de julho, cheguei à delegacia para ser interrogada. Ao entrar naquela pequena sala, não foi preciso obervar muito o local, pois só havia uma mesa, três cadeiras e nada pendurado nas paredes, apenas eu e um investigador estranho, que me observava o tempo todo.
Acomodei-me em uma cadeira muito desconfortável que me fora indicada, e logo após, ao ouvir o ruído da porta se abrindo, deparei-me com um senhor alto, forte, tez morena e de semblante sério. Era o investigador Barbosa, conforme observei no crachá. Ele logo se apresentou, solicitou meus dados pessoais e em seguida, muito amigavelmente, começou a me fazer as perguntas:
Barbosa: Sra. Eloisa, normalmente a que horas costuma se levantar?
Eloisa: Diariamente, levanto às 6 horas, porém ontem estava com insônia e acabei levantando um pouco mais cedo, quando olhei o relógio na cabeceira da cama, este marcava 4h 47min.
Barbosa: E por que a senhora estava com insônia na noite passada?
Eloisa: Não sei muito bem, mas, sabe, acordei várias vezes à noite, levantei-me, assisti um pouco de televisão, voltei para a cama, li um pouco, mas o sono não chegava, apenas cochilei e então quando via a hora resolvi levantar definitivamente.
Barbosa: Qual a rotina que a senhora segue antes de ir para o trabalho todos os dias?
Eloisa: Levanto, escovo os dentes, tomo uma ducha rápida, tomo o café da manhã e pego o elevador para o estacionamento. Geralmente, saio do prédio por volta das 6h 50min.
Barbosa: Ontem foi sábado. A senhora trabalha aos sábados?
Eloisa: Não.
Barbosa: Então, porque a senhora disse que resolveu levantar às 4h 47min, sabendo que poderia permanecer por mais tempo na cama, já que não tinha compromisso nesse dia?
Eloisa: Bem... não sei. Mas, me levantei, pois ia dar uma volta até a padaria.
Barbosa: Numa manhã fria e escura de julho, a senhora levantaria mais cedo para ir à padaria?
Eloisa: Sim, senhor. Mas, como pode perceber, eu estava pronta para sair e não cheguei a ir à padaria.
Barbosa: Ao abrir a porta do apartamento, a senhora notou algum fato estranho?
Eloisa: Senhor, o fato mais estranho que notei foi um cadáver caído na soleira da minha porta.
Barbosa: Mas, como a senhora tinha a certeza de que era um cadáver? A senhora já sabia que ele estava morto, antes da chegada da polícia?
Eloisa: Bem.... Eu coloquei a mão sobre os pulsos dele, e notei que ele estava gelado.
Barbosa: E o que fez em seguida?
Eloisa: Liguei para a polícia, obviamente.
Barbosa: Conforme consta no relatório do crime, quando a polícia chegou, a senhora vestia um roupão azul e estava com pantufas nos pés.
Eloisa: Sim.
Barbosa: Neste depoimento, a senhora disse que estava saindo  para ir à padaria. Iria, pois então, de roupão e pantufas?
Eloisa: Não, obviamente. Eu ia me arrumar.
Barbosa: Senhora Eloisa, afinal, a senhora estava ou não estava pronta?
Eloisa: Confesso, eu não estava pronta. Mas, que diferença isso faz? O senhor suspeita que eu, uma senhora distinta, possa ter dado cabo à vida daquele belo rapaz?
Barbosa: A senhora chegou a vê-lo?
Eloisa: Não muito, ele estava caído sobre o corpo, todo ensanguentado.
Barbosa: Então, como sabe que ele era um belo rapaz? Não poderia ser um homem mais velho? Se não chegou a vê-lo, como afirma que ele era um belo rapaz?
Eloisa: Senhor Investigador, por um acaso, o senhor está suspeitando de mim?
Barbosa: Senhora Eloisa, sou eu que faço as perguntas. Mas, por hoje basta. Não precisa dizer mais nada. Está liberada, mas não saia da cidade. Poderemos voltar a chamá-la novamente.
Eloisa: Ok, senhor Barbosa.
         Sai da delegacia, e até chegar ao carro, quase caí pelo caminho, estava muito nervosa, as mãos geladas, os lábios pareciam não ter cor, cabelos esvoaçavam com a brisa do vento, a pele rachava e, só me dei conta de que não era o meu carro quando ouvi Eleonor e Ágatha me chamando do outro lado. Atravessei a rua, um carro quase me atropelou e finalmente pude ir embora daquele lugar horrível.
Profa. Eloisa Furlan

Um comentário:

  1. Olá, O Conteudo até que pode estar bom, mas o template está horrivel!
    Lembre-se isso é uma critica construtiva.
    By: Anonimo

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